quarta-feira, 18 de novembro de 2009

A feira - Uma abordagem interna. Parte I

Entre os dias 30 de outubro e 15 de novembro do corrente ano, ocorreu a 37ª feira do livro de Pelotas , onde pela primeira e última vez trabalhei, e os espólios da feira agora estão por aí. Do ponto de vista comercial a feira foi mediana, do ponto de visto cultural medíocre e do ponto de vista literário (e do meu também) foi uma bela porcaria. Tudo bem, livros novos são legais de expor e nisso a feira estava bem servida, livros novos com preços bacanas por todos os lados, mas a pergunta é:
-ONDE ESTAVAM OS SEBOS???????????
Tu podias encontrar qualquer livro lá, contanto que os mesmos estivessem nos catálogos das editoras e nisso as livrarias que comercializavam livros novos foram bem competentes: organização, descontos, infra-estrutura e etecetera. Porém, só agrada as pessoas que procuram lançamentos e livros que podem ser achados todo ano (ok, é válido na feira pelo desconto), mas pessoas como eu que curte o livro e aquela compra por impulso quando se encontra um novo título aleatório com um preço bacana.
O que me deixou puto nessa feira foi o facto dos livros usados estarem no mesmo preço que a maioria dos  novos e por muita sorte - muita mesmo- achei alguns usados baratos. Honestamente, aqui está valendo muito mais a pena comprar livros novos. Já que não existem sebos decentes nessa cidade, inclusive o único que se encontra títulos interessantes custo/benefício bons não estava na feira.
Enquanto isso a feira continua focada em livros novos, como previamente disse, sempre vai existir mercado livros novos.Já os  usados estão cada vez mais de "canto" nessa cidade, e o que eu me pergunto - Onde está a democratização da cultura? Vale lembrar, que não estou aqui para detonar com  as bancas que comercializaram livros novos (até porque eu trabalhei em uma que vendia livros novos) mas poxa vida os sebos daqui deveriam vender os seus livros mais baratos. Tudo bem, não é barato manter-se e as coisas são caras... Porém, é extremamente injusto o livreiro que comercializa usados, o cara vai e  compra um livro por 2 reais ou 1 real e vende por 15/20/25 reais. As livrarias que vendem  livros novos tem  seu material tabelado, e não estou defendendo. Falo porque é bem assim mesmo. É frustrante tu chegar na feira do livro e ver que o único sebo que tem, vende seus livros mais caros que na estante virtual somando o frete e colocando mais 50%. Gostaria de parabenizar o Senhor dono do Sebo em questão, por ver o quanto ele é mercenário e abusivo  legal nos seus preços.
Se tu queres comprar bons livros com preço baixo, comprem os de bolso NOVOS, e não procurem os sebos da zona portuária.
Nada pessoal, Sr. dono da Icária, mas cobrar 20 reais por um livro despedaçado é foda. Não irei comprar nunca,  até porque no estante virtual tá 4 reais, mais o frete dá 9,50 seu bobão.

2 comentários:

Fernanda Rodrigues Barros disse...

Pois é... nessa questão das bancas com livros novos e seus tão procurados (nem sempre comprados) lançamentos, a feira daqui também se mostrou bem farta. Os preços de tabela, como nos outros anos, recebiam 20% de desconto e tal. O meu desespero foi ver que poucas bancas estavam com os saldos 'decentes' (lê-se: preços justos para livros usados). Uma delas foi a nova roma que conseguiu se superar realmente e apresentar duas caixas grandes com saldos por dois reais. Me achei por lá. Outra banca, martins livreiro, estava com um saldo bem chamativo: três por cinco reais. Também foi uma das que mais comprei. Fiquei até surpreendida por ter encontrado na parte internacional, o livro mais afamado do Cervantes por quinze reais (novo!!!!!).

Mas... fiquei pensando no que escreveu sobre os sebos estarem também sendo abusivos em seus preços (a estante virtual que o diga). Só que isso deve ser o reflexo do que anda ocorrendo já faz tempo: quem compra livros novos de literatura? e quem se desfaz deles? quem os vende num sebo? pouquíssima gente. Eu, quando vendo livros num sebo, geralmente faço com aqueles que não me interessam (e não se incluem nesta lita os livros de literatura), então, é bem óbvio que os sebos estejam falindo ou se aproveitando do pouco que vendem colocando preços bem abusivos (vinte reais num livro detonado ainda que o título seja 'the best one'? deprimente!), pois assim conseguem lucrar um pouco. Realmente penso que os sebos de hoje existem porque houve uma geração de leitores (sempre que penso em leitores, penso logo depois em Literatura) e tal geração quando começou a ser substituída por uma 'new and sick' foi arrojada para fora junto com seus livros (bibliotecas inteiras) e estes foram repassados para sebos e aqueles serviram de alimento para vermes. Pergunta idiota: se já faz algumas gerações que as pessoas que lêem só lêem livrinhos lançados no ano corrente, que tipo de sebos teremos daqui três, cinco anos? Claro que eles se tornarão um amontoado de títulos de auto-ajuda e espírita e também best-sellers americanóides que têm por objetivo vender e assim demonstram que o comprometimento com a obra chega a ser nulo.

Estou com medo de continuar vivendo e constatar a banalização dos sebos no geral. Se hoje estamos reclamando dos preços altos em livros usados (Literatura), logo mais poderemos estar reclamando da não existência deles. Não sou emo, mas derramo lágrimas ao imaginar tal dia.

Que tristeza a nossa de apreciar boa literatura e viver assim num espaço em que o bom ainda custa caro e que logo ali, num porvir rápido, poderá nem custar, nem existir.

Então, que a estante virtual e que alguns sebos ainda nos salvem por algumas réstias de anos...rsrs

Rafael disse...

Sabe, o problema é bem esse. Rotatividade do mercado livreiro. É fácil tu pegares um livro que está na mídia e vender. Como dizemos: Venda fácil. O problema é que a estrutura a qual se comportam os sebos: Fazer dinheiro com leitores cult ricos. Então quer dizer que a cotação dos livros é por procura ou por autor. O que é extremamente errado, por exemplo:
Vi um gogol por 15 reais, novinho. E um Cervantes destruído por 44 (usado) vem cá, é fácil o cara conhecer Cervantes e saber que ele é importante e aí esfaquear. É o que acontece, o livreiro pega o livro e diz:
-Hmm.. Hemingway vou cobrar 20 paus porque alguém vai querer.
Ai tu pegas uma F.Sagan que o merda do livreiro não conhece e cobra 6 reais, novinho.
Não tem critério. É random.