quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Dois segundos.

Eu sei, o tempo é relativo. Mas comparado a uma existência inteira e sem sentido alguns momentos valem mais que qualquer eternidade forjada ou lábios incompletos. Eu sei que falo demais. E quando você me perguntou se eu queria ir embora...nada consegui dizer. Não conseguia, meus dentes encostavam meu lábio inferior. Os músculos da minha face empurravam o meu maxilar. O lábio sangrava desacerbadamente. E você parada ali olhando, por dois míseros segundos.
Quantas pessoas morreram em dois segundos?
Quantas viveram em dois segundos?
Quantas coisas dá para fazer em dois segundos?
Quanto tempo dura dois segundos?
Tento compreender o que minha cabeça grita com meu corpo. Os sentidos parecem um terremoto, tudo treme. A mente não parece processar o que sentia, nenhuma palavra poderia descrever meu sangue escorrendo devagar do lábio inferior até a ponta do queixo, a gota maior que puxava o sangue havia desenhado um pequeno "s". E você continuou ali parada, me observando. Talvez nossos momentos serão lembrados assim, por um instante me sentí desarmado e indefeso.
Existiria algo que pudesse nessa terra inteira durar mais que dois segundos? 
Agora parece que o agora é aquele tempo. E aquele tempo parece tanto com agora. Diáspora do destino você diz. Eu nunca soube o que dizer, mesmo quando falo demais, quando tento exemplificar o que é inominável. Assim chega a doer. Tantos "s" que poderiam agora ser escritos, tantos...
E aquele momento que me foi mais real, não passou de dois segundos.
Dois segundos.
Uma vida.

Nenhum comentário: