segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Tabula Rasa

"(...) A menor molécula dentro de você já foi pensada por alguns milhões de pessoas antes de você. Qualquer coisa que você possa fazer é entediante, antiga e perfeitamente lega. Você esta segura porque está presa dentro de sua cultura. Qualquer coisa que você possa conceber é boa, porque pode ser concebida por você. É impossível imaginar um meio de escapar disso. Não há saida.
- O mundo é seu berço e a sua armadilha - ela conclui(...)
" - Monstros Invisíveis 





A janela bate. O som reproduzido pelo filete de luz projetado de trás dos corvos é o silêncio. A mesa de desenho mistura-se com a luz e a sombra almagamando-se com corpo, papel em branco e tinta negra.
Talvez você se pergunte o porquê depois de duas horas encarando uma folha que ainda está em branco. Suas mãos dirigem-se ao café,  com um movimento suave quase que pendular leva a xícara à boca. O gosto é o não-gosto. A luz é a não-luz. E você é não-você. E a folha segue em branco.
A noite chega e a lua fulgura à sua janela, os corvos não mais estão lá. E você sequer esteve, a folha imutável torna-se seu maior inimigo. A criação é um processo maldito, uma nova ótica... não passam de conjecturas falhas e uma "imitação de vida". Se qualquer coisa que você faça, se nada de você é você e a folha segue em branco é porque o hiatus ainda segue hiatus.
A maior parte do tempo tudo parece um circo. E aqui está você, na sala dos espelhos perdido. Aquém do espelho, no mundo real. A rainha de copas segue do outro lado, a lebre. Do lado de cá (o qual estamos) existem os pormenores e os detalhes sórdidos. A tabula rasa, você refletido na folha.
E nesse momento até uma mancha de café cria inúmeros mundos.
Todos somos mundos.
Alguns estão arruinados, engolidos por sí mesmos.
Nada do que faça mudará quaisquer detalhe, inércia baby.
Você sairá.
A folha seguira ad aeternum rasa. 






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