quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Cegos

Para que ter olhos se ninguém enxerga? Se temos tantos sentidos para que usar a "visão" somente como "visão"? Se um sentido incorpora tantos outros pois não creio que uma pessoa apenas enxergue, certamente não vê ela o que há por de trás.
Há alguns momentos que acho a piada sem graça, e fico tentando entender o que não-compreensível. Será que só uma pessoa pode estar certa? Ou apenas ela é o erro de tudo? Não que seja um constante questionamento, pode parecer bobagens aleatórias de uma insípida madrugada insone. "Eu vejo fome nas ruas, mas o pior que existe é a fome de viver e nada fazer além de consumir-se a sí mesmo" palavras de alguém que nunca ví. Palavras são o único conforto que temos às vezes. Sejam nossas ou de outrém, vivo ou morto. Lúcido ou são, ademais quem é completamente são nesse mundo?
São mãos que te apontam o dia todo e nunca retornam ao lugar, são pontas de dedos que estalam em lápide o que é indizível. Concreto? Não é realmente sólido aquilo que se desmancha em nódoas e esvanece em um para-brisa primaveril?
Pessoas que caminham e te atravessam feito espadas de sombra, que te cortam com olhares repressores e te repreendem por quê? Não sou passível de classificação, nem eu me defino ou fico aberta ou veladamente conjecturando coisas de cunho classificativo sobre a respectiva pessoa que sou. Quem és tu? Quem é aquele que inibe a escuridão qual fazemos parte e com tamanhos véus ungidos pela umbra ousa a importunar?
Não se trata da classificação mas o mote que empunha.
A espada fraca que o fraco carrega?
Se é de bom grado uma arma pode ser apenas uma doce palavra para aquele que sabe o ofício?
São palavras mudas que rigidamente rompem a cegueira alheia e dirfarça-se em tom augural.
Nada.

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