"Meu rosto distorcido soa tão comum para mim" Era assim que se enxergava, diferente de tudo. Sua vida não havia sido das melhores, aquilo de se entregar e acreditar para ele era uma constante negativa. Mas afinal para quem não é. As horas passavam como trens, cheios de gentes e na volta estavam sempre vazios assim como seu coração. Talvez seja porque ele acreditasse que um dia o trem voltaria cheio, ou o reflexo da água mudasse de alguma maneira. Ele só sabia que nada sabia.
Seria mais um dia banal, ali sentado. Olhando para o nada, sentindo o nada.
Quem sabe o que ele precisasse fosse algo além daquela água, ou daqueles trens?
Recolhera as pedrinhas que tanto ocupavam sua mente, levantou-se e foi caminhar. Fazia um frio não muito congelante, a bruma era espessa. Parecia um grande algodão doce cinza. Caminhou devagar, os olhos perdiam-se. A cabeça ainda estava na água distorcida.
Ele queria fugir dali. Sonhava e aspirava com o diferente, estava distraído e não viu que caminhava sobre os trilhos do trem.
A luz pairou. Ele pensou "Pronto agora morri."
Acordara em um hospital, estava aleijado e realmente distorcido. Nada mudou e ele não morrera.
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