segunda-feira, 3 de agosto de 2009

O outro lado da ponte escura.

Ele estava lá sentado sobre a ponte. Imaginava o que há tempos não via. Seu rosto refletia nas águas e a movimentação da superfície distorcia seu rosto. Ele pensava.

"Meu rosto distorcido soa tão comum para mim" Era assim que se enxergava, diferente de tudo. Sua vida não havia sido das melhores, aquilo de se entregar e acreditar para ele era uma constante negativa. Mas afinal para quem não é. As horas passavam como trens, cheios de gentes e na volta estavam sempre vazios assim como seu coração. Talvez seja porque ele acreditasse que um dia o trem voltaria cheio, ou o reflexo da água mudasse de alguma maneira. Ele só sabia que nada sabia.

Seria mais um dia banal, ali sentado. Olhando para o nada, sentindo o nada.

Quem sabe o que ele precisasse fosse algo além daquela água, ou daqueles trens?

Recolhera as pedrinhas que tanto ocupavam sua mente, levantou-se e foi caminhar. Fazia um frio não muito congelante, a bruma era espessa. Parecia um grande algodão doce cinza. Caminhou devagar, os olhos perdiam-se. A cabeça ainda estava na água distorcida.

Ele queria fugir dali. Sonhava e aspirava com o diferente, estava distraído e não viu que caminhava sobre os trilhos do trem.

A luz pairou. Ele pensou "Pronto agora morri."

Acordara em um hospital, estava aleijado e realmente distorcido. Nada mudou e ele não morrera.

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