quinta-feira, 15 de abril de 2010

O dia do FICO

Não gosto de voltar atrás, mas o show deve continuar. Esse blog resolveu voltar da mais profunda umbra!!!
O humor renovado, novos temas. Novos desenhos (se o Sr. Scanner cooperar).
Enfim, aqui é o meu lado mais pessoal.
A parte de mim que ainda pulsa.
Não posso virar as costas para meu filho mais querido.

Um blog que antes fora pautado em antigas memórias, distantes e sem significância alguma. Traz em um novo momento uma fase ... um tanto quanto inusitada, fantástica, onde tudo irá  aparecer aqui.
Não serão tantos posts quanto antigamente, tomar conta de 3 blogs é complicado, mas prometo dedicar-me a eles com afinco.

E agora chega de trololo...


See you soon!

terça-feira, 16 de março de 2010

Essa tristeza que sinto.

Olhei para todos, eles riam tanto...estava eu lá com um cigarro na boca. Eu sorri de volta, mas por dentro meu coração sangrava dor.
Ser diferente ou igual?
Que diferença faz agora?
Se meus sonhos agora mortos, descansam em paz.
Eu continuo vivo, sem descanço e atolado na agonia.
E então tudo acabou.

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Com muita tristeza comunico que as atividades deste blog estão encerradas.






 

domingo, 7 de março de 2010

Pontas soltas

Engraçado como algumas expressões são interessantes..."pontas soltas" normalmente trata-se de um assunto inacabado, posso dizer que pode tratar-se de meus cigarros fumados espalhados pelo cinzeiro. Eles continuam queimando, também inacabados de uma certa forma.
Estranho também pois creio eu que nem todo assunto precisa ser acabado e mesmo assim quando se acaba, novos "issues" surgem. Acaba-se uma saga, começa-se uma nova. Ciclos...
Embora não exista ciclo que se acaba, ficam ali presentes mas nunca acabam-se por completo. Seja um livro solto no canto do quarto, um café com chocolate exalando o aroma e estalando aquele "ahhh" e tantas outras porras.
Nostalgia sempre me acompanha...um quarto, uma xícara de café, cigarros e a janela aberta.

Rompendo o silêncio com um assunto tão... não importante para o leitor, mas deveras muito para mim.

Regards.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

A parte que morre em silêncio.

Como posso seguir?
Como seguir em silêncio?
Acordar no meio da noite iluminada.
Sem sequer ter dormido.
Pode acreditar, morro.
Pode negar, mas eu morro.
Morro em silêncio.
Faleço ao não falar.
Padeço ao não tentar.
Desacordo ao acreditar.
Sofrer por sofrer.
Acordar por acordar.
Um momento falante.
Mero discuido.
E a noite...
A mais quieta, perde o decoro.
E observa sozinha.
A parte que morre em silêncio.

Vida e Morte.

Entre a vida e a morte há um intenso hiato de acontecimentos, às vezes não. A vida em si é o motor e chave para a morte, que por sua vez não vive sem a vida.
Confuso?
Não creio que a teoria seja tão confusa quanto o processo empiríco, nesse caso tão... comum.
Ultimamente tenho convivido bastante com a caveira da foice, algumas perdas signitivas, outras nem tanto. E na maioria das vezes nenhuma. Contudo, eu acredito que a morte na maioria dos casos seja uma ponte para algo melhor. Na pior das hipóteses um alívio para tanta dor, e que muitas vezes torna-se mais díficil de suportar que qualquer outra mazela significativa à um indivíduo.
Não consigo ficar triste com a morte de outrém, especialmente quando nesses casos a pessoa finalmente dormiu em paz pela primeira vez em sua vida. Existem tragédias, todos os dias alguém tem sua vida ceifada no auge de sua jovialidade, podendo implementar alguma mudançao neste mundo cão. Mas existem aqueles que já moribundos apenas aguardavam sofrendo sua vaga na barca. Existem coisas na vida que podem ser repetidas, Morte e vida só acontecem uma vez.
Você nasce e morre.
Mas poucos, pouquíssimos, morrem para renascer.  

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

O mundo não é para mim

O mundo não é para mim, quando vejo que tudo é errado.
Quando o que era aberto, agora é velado.
Não é para mim quando se enche de hipocrisia.
Quando me ataca rinite e azia.
Não é para mim quando leio e vejo coisas que não quero.
Quando me surpreendo com coisas que não espero.
O mundo não foi feito para mim.
E nem por isso, deixo de pensar assim.

sábado, 23 de janeiro de 2010

O show da verdade...Sorria tu estás sob julgamento.

Uma das coisas que mais repudiam as pessoas é a realidade. A verdade parece tão... longe?
Pois é, parece existir um verdadeiro abismo entre idéia, pensar, agir e coerência. É meio triste isso tudo, tu observar alguns universos os quais tu participara esfacelando-se pelo chão e quebrando como cristais e obviamente sem a menor transparência de um.
Não que eu seja melhor. Não sou melhor nem pior. Até acho que não existem tais paramêtros, só acredito em uma coisa:
Coerência e incoerência.
E antes de mais nada, eu JULGO as pessoas sim, e estou pouco me fodendo. JULGO MESMO.
Nâo vou dar uma de hipócrita aqui dizendo:
"Não deveríamos julgar ninguem" Até porque sabemos quanto mais liberal, progressista e "ideologista" mais hipócrita e incoerente a pessoa é. Nada de exemplos.
Sinceramente, ando meio sem paciência para pedidos de desculpa e discursinhos mongolóides sobre o quão deveríamos ser pessoas melhores... Aliás é o típico discurso de quem tem o rabo preso, não é?

Eu não aguento mais o verão.

O comum e o (extra)ordinário.



Ultimamente venho me deparando com situações novas. Digo, novas mesmo. As leituras andam bem atrasadas devido ao péssimo tempo. O calor em demasia parece fritar meu cerébro, algo como batatas-fritas cerebrais.
Esse post é uma espécie de "oinãotenhoninguémparaconversaragoramasnãoestavafimesmo".
Afinal ultimamente só que apareceu por aqui foram "anônimos" e seus comentários não serão publicados. Primeiro pelo seguinte, se o ou (a) gracioso(a) acha bom(a) demais para usar o seu login ou nome. Certo que essa pessoa queria atenção, então aqui estou dando atenção. Um post só pra ti senhor(a) anônimo!
Até acho legal sarcasmos, mas veja bem a ferramenta esconder-se ela é típica de pessoas covardes, pessoas que se escondem atrás de tags "anonimas" ou fugindo. Moral da história, gente covarde é tão inútil quanto medíocres, pois veja bem. Quem tem cara, idéias e etc. Luta por seus ideais, pelo que acredita sem precisar se esconder, mentir, ou usar quaisquer ferramentas para parecer foda, descolado ou superior. Aceita a realidade, somos todos criaturas inferiores e limitadas. Não é por quê um fulaninho teve mais acesso que é o melhor.
E tem gente que sente necessidade de ter uma gangue de imbecil puxa-saco para quê?
Auto-afirmação.
Palavras duras e amargas, pois é eu não sou doce.
Então parabéns, conseguiste atenção!

Medalha pra ti!

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Hi - Cu.

Os homens trabalham.
O cachorro late.
Quero ter uma arma.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Haiti?

Well, caros colegas de blog. Andei percebendo que o assunto em voga agora é o tal terremoto no Haiti. E para, fazer um novo post sobre fui atrás de dados. Para reconstruir o Haiti será necessário um enorme montante em dinheiro http://noticias.terra.com.br/mundo/noticias/0,,OI4212868-EI14687,00-Haiti+precisa+de+US+bilhoes+para+reconstrucao+apos+tremor.html . Grana que eu, você e ninguém, jamais viu e certamente verá.
Vamos aos fatos:
Reconstruir o quê???? Convenhamos, o país é um estorvo politicamente e economicamente (lógico que o Brazil não fica muito atrás).  Ao meu ver isso não passa de mais um golpe de manipulação mundia ministrado pela ONU e pelo Pseudo-star-fucking-president Barata Osama. Aliás só eu acredito que esse terremoto não passou de algum teste nuclear ou bélico. Não tem coerência. E aliás isso só vai servir pros EUA meterem a mão na palhaçada, digo Haiti.
Então, sites, televisão, jornais. Todos querem ajudar o Haiti (Pra quem não sabe aqui fica o tal do Haiti)


Ajudar???????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????

Não creio, pois infelizmente o verbo é outro:

Lucrar.

Haiti? Poupem-me

The fight club.


 (não sabia que existia um jogo, Oo)




"The first rule about the fight club is you  don't talk about fight club.
I will tell Walter I fell
I did this to myself(...)

Após uma releitura do capítulo seis, o quê pouca gente sabe é que o capítulo seis do livro Clube da luta (Fight Club) era um conto, publicado alguns anos antes em uma revista de contos com o tema comportamento. Na edição do livro a qual eu tenho (Fight Club, Vintage  BooksUK)  tem um posfácio escrito pelo própio Chuck Palahniuk.
Fugindo um pouco do livro e falando mais do posfácio, nele Chuck fala das proporções que as frases do livro, graças ao filme, tomaram. A ponto de acontecerem coisas inusitadas com o mesmo.
 Ele fala que foi à um parque de diversões e um cara fala:

"The first rule of Haunted tunnel tour is, you don't talk about Hunted tunnel tour. And the second rule is tou don't talk about the Haunted tunnel tour"

E ele fala " Hey, This sentence is mine, I wrote that in my book"
E o cara retruca "There is a book?"
E ele fala por três páginas o quanto ele se sentiu mal por causa do filme, não pelo filme em si, mas pela grande maioria estar cagando para o livro.

Foda esse Chuck não?

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Recomeço - De tudo um pouco.

Ciclos acabam.
Novos começam.
O ar que era impuro, agora me inquieta de outra maneira.
Há tantos momentos, o recomeço e a "deleção".
Voltar para onde se parou. E sequer imaginar o que atrapalha.
Desbravar novas montanhas, novos mundos.
Uma nova "vida"?
Seria o lugar que faz o homem ou o homem faz o lugar?
Aqui ou lá longe, além-mar estariam as respostas?
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Uma frase que martela muito a minha cabeça é um dos motes de Tyler Durden (protagonista do livro "clube da luta").
"É preciso perder tudo, atingir o fundo do poço. Só assim você conseguirá ser algo, ou alguém".
Concordo. Não é uma resposta simplista, pois concordar nos remete a muitas coisas. Tempos remotos que são deletados, coisas que devem ficar trancadas em armários. O momento "agora" é sempre o mais importante, viver em memórias é tão concreto quanto fumaça. Firmeza, baby.
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A linhagem editorial desse blog foi mudada slightly , assim como o  visual. Optei por um não-visual, algo que remeta apenas ao conteúdo do blog em sí. Esse blog nem tem um ser que escreve, é uma consciência apenas.

A todos os leitores, especialmente aos novos...

Sejam muito Bem-vindos.


Regards,

Hell

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

A brand new day.








Então ele acordou e notou que seu corpo era outro. Fora substituído por um objeto diferente.Sua mente foi escarrada. E então passado, presente e futuro tornaram-se um só:
Nada.

sábado, 28 de novembro de 2009

Bastardos Inglórios - Grande merda.

 Contém Spoilers e crítica destrutiva.







Quando pensei que o Tarantino já era decadente, agora eu tenho certeza. Eis que surgiu o "Inglorious Basterds" um grupinho de judeus americanos tresloucados sedentos de vingança contra o Terceiro Reich. Eis que a piada começa ficar sem graça. O filme foi feito em capítulos a minha crítica será nos mesmos moldes.

Capitulo I - Eu quase me empolguei.

O filme começa na região campeira da França (ui). No cenário bucólico entre as vaquinhas, arvorezinhas frutíferas e videiras vive uma família francesa. O patriarca da família é um sujeito que se preocupa com os judeus, mais se preocupa mais consigo. O papai francês barbudinho que vive com sua esposa fazendeira e suas filhas escondem a familia Dreyfus no porão da casa. O que ele não contava é que o novo designado pela SS fosse lá chafurdar sua propriedade atrás dessas famílias de judeus. Resultado, o papai entrega todo mundo para proteger seu rabinho e quase toda a família Dreyfus vira presunto. Apenas a filhinha Sososha, foge correndo. O que o homenzinho da SS não imaginava é que ela é uma judia sanguinária sedenta por vingança. Bem, isso é depois.

Capitulo II - O filme começa a ficar chato.

Então aparecem os Bastardos, Brad Pitt como quase sempre tentando pagar de ator, e até que ele não está tão mal no filme, no últimos anos ele só faz merda mesmo assim como Tarantino. Eis que o filme é uma mistura de cães de aluguel com faroeste italiano dos anos 70 (ou só eu tive essa impressão?). E nada de legal acontece até o fim. Tédio total.

 Capitulo final - Conclusões.

O filme não é dos piores, mas o meio é chato. Não gostei das caricaturas dos personagens. Hitler aparecendo como um pulha engraçadinho. Sinceramente é mais um daqueles filmes americanóides com gostinho de "ui como sou cult". Vi o filme com escárnio é daqueles filmes que só os intelectuais puxa-sacos que curtem cinema e vão à facul vão curtir.
O Tarantino de outrora é bem diferente desse, é que nem o Tim Burton...
que só faz filminho para passar mais um tempo perto do Johnny Depp, e seduzir as garotinhas góticas que curtem seu visual fake... Perdi meu tempo mesmo, ainda bem que não paguei.
Eu achei bobo, sem graça e repititivo. E óbvio é só minha opinião.

Achei que devia falar de algum filme aqui e assisti esse ontem.
Não gostei.

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Dois segundos.

Eu sei, o tempo é relativo. Mas comparado a uma existência inteira e sem sentido alguns momentos valem mais que qualquer eternidade forjada ou lábios incompletos. Eu sei que falo demais. E quando você me perguntou se eu queria ir embora...nada consegui dizer. Não conseguia, meus dentes encostavam meu lábio inferior. Os músculos da minha face empurravam o meu maxilar. O lábio sangrava desacerbadamente. E você parada ali olhando, por dois míseros segundos.
Quantas pessoas morreram em dois segundos?
Quantas viveram em dois segundos?
Quantas coisas dá para fazer em dois segundos?
Quanto tempo dura dois segundos?
Tento compreender o que minha cabeça grita com meu corpo. Os sentidos parecem um terremoto, tudo treme. A mente não parece processar o que sentia, nenhuma palavra poderia descrever meu sangue escorrendo devagar do lábio inferior até a ponta do queixo, a gota maior que puxava o sangue havia desenhado um pequeno "s". E você continuou ali parada, me observando. Talvez nossos momentos serão lembrados assim, por um instante me sentí desarmado e indefeso.
Existiria algo que pudesse nessa terra inteira durar mais que dois segundos? 
Agora parece que o agora é aquele tempo. E aquele tempo parece tanto com agora. Diáspora do destino você diz. Eu nunca soube o que dizer, mesmo quando falo demais, quando tento exemplificar o que é inominável. Assim chega a doer. Tantos "s" que poderiam agora ser escritos, tantos...
E aquele momento que me foi mais real, não passou de dois segundos.
Dois segundos.
Uma vida.

domingo, 22 de novembro de 2009

Dead Letter

Carlos,


Eu sei que você nunca me escuta, sei que nunca lê minhas cartas. Essa é uma ultima tentativa, e na verdade não é nenhuma tentativa. Aqui eu fico, nervosa como sempre e extremamente irritada com esta sua conduta nojenta. Ah, você nunca liga, nunca se importa, nunca nada. Sentei agora a pouco nesta cadeira, sei que estava por aqui não faz muito tempo, e acendo um cigarro atrás do outro e como sempre você dizia "fumar mata". Devo dizer que você tem razão, mata! Mata o tempo que passava sentada aqui esperando quem nem sequer saiu e por muitas vezes jamais voltou. Mata, pois seu sangue é sujo, tem um gosto ralo e nenhum cigarro compara-se a esta vida que tenho. Essa miséria a qual devo agradece-lo por ter me proporcionado. Alguns longos anos colocados no fundo de uma lata velha e enferrujada de lixo! E em breve você fara companhia, aos meus cigarros fumados até o filtro, as minhas unhas que não paro de roer e até o papel que outrora escrevia cartas para você. Acabarão todos juntos. Bem enfiados em uma lata velha, carregadas por um lixeiro com a pele suada de tanto juntar sacos que nem sequer podem ser comparados à sua pessoa, pois são bem melhores e servem para algo.
Carlos, essa carta não é tão para você. Ela é para mim. Ela é para quem quiser ler. Estou muito cansada dessa exposição, de ser a "garotinha do papai" como me falava. É, algumas mudanças sutis não podemos reparar, mas as grandes mudanças até uma sombra pode perceber e a minha já tinha me alertado para isso. Há tanto indizível, não é? Aquelas noites que jamais voltarão, aqueles momentos que permacem estagnados em uma banheira cheia de água e gelo. Toda vez que me banho, lembro destes mero detalhes que sempre lhe passaram desapercebidos. Assim como agora, este último. Você jamais imaginaria que eu estaria aqui. Jamais! Me chamava de covarde, de fraca. Zombava da minha fragilidade que para mim era uma qualidade e para você foi um instrumento de impávida vileza. Agora, fumando meu último cigarro, já escuto as sirenes. Escuto, Carlos. Elas gritam e eu estou cagando para elas. Sigo fumando. Afinal é meu último cigarro. E vou finalizando minha última carta para você. Sei que não lerá, sei que nunca leu. E agora que estás morto no sofá com a faca que lhe dei de presente e nem sequer ouvi um "obrigado". Devo dizer que nunca lhe vi tão bonito, ah Carlos essa faca realmente caiu bem em você. Felizmente esta carta não será desperdiçada, afinal você está tão morto quanto me fez sentir antigamente. Obrigado por não existir e me sentir viva com você uma única vez. Agradeço por este momento.
As sirenes berram.

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Alguns desenhos - 9 months later.




Ainda tentando usar aquarela, um dia eu consigo.

A feira - Uma abordagem interna. Parte II

Outra coisa que me deixou estupefacto é o fato de que o maior "evento" da feira foi um show de banda EMO. Foi o maior público da Feirinha, gente para caramba. Franjinhas, alargadores, calças socadinhas, converse coloridinhos e carinhas joviais (ui). Enfim, se eu fosse organizador da feira proibiria qualquer evento que não fosse literário, se é pra ter showzinho faça a feira da música. Honestamente fico puto com essas frescuras, parece feira MESMO. Sabe, aquelas feiras que existem no interior - Fepimenta, Fenadoce, Femilhoverde, Fenamerda- Tá o que diabos tem uma coisa a ver com a outra? Ok, estou há tempos sem postar e ainda estou de mau-humor (foda-se).
Sem contar que o HomeNageado foi o Mario Benedetti, para os que não sabem, o poeta-escritor-uruguaio virou presunto este ano,  então levantei outro questionamento... se é para homenagear os mortos, por que diabos um escritor URUGUAIO?  Existem vários gauchos mortos: Érico Veríssimo, Caio F., Moacir Sclyar (hahahaha)!
Odeio essas coisas de pagapau, nada contra o Mario (tudo que li dele gostei). Porra, mas aí é foda o cara nunca veio a Pelotas, morreu sem nem saber o que era Pelotas. Aí me vem um imbecil da Organização e resolveu homenagea-lo, aposto que nunca leu nada dele e o fez só porque deve ter lido em um canto obscuro da porcaria da   ZH então,  resolveu fazer essa boação. Enfim... Se quiserem homenagear o Mario, leiam seus livros.

A feira - Uma abordagem interna. Parte I

Entre os dias 30 de outubro e 15 de novembro do corrente ano, ocorreu a 37ª feira do livro de Pelotas , onde pela primeira e última vez trabalhei, e os espólios da feira agora estão por aí. Do ponto de vista comercial a feira foi mediana, do ponto de visto cultural medíocre e do ponto de vista literário (e do meu também) foi uma bela porcaria. Tudo bem, livros novos são legais de expor e nisso a feira estava bem servida, livros novos com preços bacanas por todos os lados, mas a pergunta é:
-ONDE ESTAVAM OS SEBOS???????????
Tu podias encontrar qualquer livro lá, contanto que os mesmos estivessem nos catálogos das editoras e nisso as livrarias que comercializavam livros novos foram bem competentes: organização, descontos, infra-estrutura e etecetera. Porém, só agrada as pessoas que procuram lançamentos e livros que podem ser achados todo ano (ok, é válido na feira pelo desconto), mas pessoas como eu que curte o livro e aquela compra por impulso quando se encontra um novo título aleatório com um preço bacana.
O que me deixou puto nessa feira foi o facto dos livros usados estarem no mesmo preço que a maioria dos  novos e por muita sorte - muita mesmo- achei alguns usados baratos. Honestamente, aqui está valendo muito mais a pena comprar livros novos. Já que não existem sebos decentes nessa cidade, inclusive o único que se encontra títulos interessantes custo/benefício bons não estava na feira.
Enquanto isso a feira continua focada em livros novos, como previamente disse, sempre vai existir mercado livros novos.Já os  usados estão cada vez mais de "canto" nessa cidade, e o que eu me pergunto - Onde está a democratização da cultura? Vale lembrar, que não estou aqui para detonar com  as bancas que comercializaram livros novos (até porque eu trabalhei em uma que vendia livros novos) mas poxa vida os sebos daqui deveriam vender os seus livros mais baratos. Tudo bem, não é barato manter-se e as coisas são caras... Porém, é extremamente injusto o livreiro que comercializa usados, o cara vai e  compra um livro por 2 reais ou 1 real e vende por 15/20/25 reais. As livrarias que vendem  livros novos tem  seu material tabelado, e não estou defendendo. Falo porque é bem assim mesmo. É frustrante tu chegar na feira do livro e ver que o único sebo que tem, vende seus livros mais caros que na estante virtual somando o frete e colocando mais 50%. Gostaria de parabenizar o Senhor dono do Sebo em questão, por ver o quanto ele é mercenário e abusivo  legal nos seus preços.
Se tu queres comprar bons livros com preço baixo, comprem os de bolso NOVOS, e não procurem os sebos da zona portuária.
Nada pessoal, Sr. dono da Icária, mas cobrar 20 reais por um livro despedaçado é foda. Não irei comprar nunca,  até porque no estante virtual tá 4 reais, mais o frete dá 9,50 seu bobão.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Oblivion - I

Foi uma longa manhã, tentei concentrar forças e obviamente não consegui. O mundo lá fora é vil, e tem horas que não quero compartilhar além do mais as pequenas coisas são as que mais ferem. Talvez, que por um momento, seja que tu esperas no mínimo que sejas tratado tal como trata, e na verdade tu não espera mais nada. Bem como uma casa velha com móveis novos. Tu encaras a mesa, ela sofreu e as ataduras nos seus pés não são para fins estéticos. Funcionalismo - é o que dizes.
O tempo vai corroendo a mesa, essa que poderia ser "viva", obviamente não se auto-conserta. Tentas fazer alguns reparos, espera a resposta alguma mudança quem sabe. Mas a velha tábua sobre pernas de aço com ataduras mal fica em pé sem balançar. Colocas a comida ali, tua prancheta e ela segue a balançar. Em algum longíquo instante tu chegas a acreditar que no outro dia a mesa não vai ficar em falso. E isso segue até um belo dia, e tu passeando pelo complexo comercial vê uma nova mesa, mas tu tens apego àquela mesa. Então, deixas passar um tempo, e o teu instinto diz "chega de derrubar café e estragar teus desenhos". Finalmente tu compras a mesa nova, e aí tu pensas "Agora está tudo certo.".
Até que a pia racha em duas...

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Matando tempo.




A rotina de exames estão me matando, pelo menos tenho tempo para desenhar. Este saiu durante a espera de um exame psicotécnico e biometria. (imagina se fosse lá dentro, hein?)
(risos)

Temei-vos uns aos outros.



Uma tentativa de poesia visual... 

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Dead memories.

Por trás da cortina lilás
Espreito com olhos mortos
Escondo meus traços tortos
Fujo em paz com sorriso mordaz

Ah, se pudesse eu ser
não há como descrever!

Esse teu tormento doído
que consome meu peito
E agora sinto-me banido
Revirando-me em meu leito.

OLhar de lâmina afiada
Destruindo o rabisco senil
Se aquilo fosse uma risada
Talvez não fosse doentio

Ah, se pudesse desenhar
Esse jogo poderia ganhar.

O quadrado com folha em branco
A chuva parece fugir
E em meu último sofrido pranto
Pareço finalmente sorrir.

Haunted

Estranheza... Os dias passam muito rápido e muito devagar. Há momentos que coisas de outrora voltam para a linha de tempo atual e aquilo parece uma exumação. Algo voltou para atormentar, mas é novo. Poderia dizer que é o nada mais absurdo, mas posso dizer que é o tudo mais caóticamente ordenado. São explosões dizendo o que devo ou não fazer. Vão além do que se sente (ou não se sente) é além, não se explica.
É observar algo que não se quer, porém interpretando-se que se queira mesmo quando não é contrário e o mesmo. Nada mais tenho para dizer quando quero ficar calado, e meu silêncio que fora profanado espera-se que volte a reinar.
Desespero foi querer algo que não se quer.
Tormento foi ter o que não se quer.
Desprezo foi escrever o que não entendo.

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Prelúdio de morte - Peça abandonada.

Uma peça abandonada que voltei a escrever. Só para não dizer que esqueci de postar coisas que vão além de comentários inúteis.




Cena 1 - Ato I
Lá eu estava, deitado com pensamentos nefastos. De um lado uma espada, do outro uma caneta. Eis que surge a Morte personificada, rosto brando e pálido com olhos congelantes.
Não me apavorei, afinal chamara por ela. *

Morte:   Sinto o cheiro de longe daqueles que chamam meu nome. 
Jovem : O desejo de sentir-te em meus braços   transpassa qualquer barreira deste pequeno lugar chamado Terra.
Morte: Se estou aqui rondando, implica em uma escolha a ser feita. Nunca ousei discordar de um homem com uma espada na mão.
Jovem:  Na minha cabeça pairam as duvidas. Te chamei, gostaria que me tirasse desse mundo.
Morte: E o que te faz pensar que te levarei para outro, jovem?
Jovem: Agonizei minha vida toda, rastejei sobre as estepes. Letárgico deitei nos bosques, procurei o que nunca pude encontrar. Agora só me resta deixar este lugar.
Morte: Eu faço meus próprios julgamentos. E tudo indica que para cruzar o portão final comigo, terás que realmente valer a pena.  Meu juízo é definitivo.
Jovem: Me carregue agora, crave esta espada no meu peito, estanque esta ferida que machuca mais que pele rasgada.   Esta chama que consome minh’alma e com ela toda a vontade de me locomover.
Morte: Caro mortal, Se confusão o que sentes, como podes agir sem pensar?
Jovem: Cara Morte, como podes meu pedido recusar?
Morte:  Se fores justo, sua alma irei levar.
Jovem: Seja rápido para minha vida findar.
Morte:  Faremos a sua vontade se caso passar no teste. Terás apenas uma chance, e se caso glorificar-se te darei uma oportunidade jamais cedida a qualquer mortal.
Jovem:  E se caso falhar?
Morte: Condenado serás   vagarás por aí  com o que pros outros mortais seria uma dádiva. Na vida eterna viverás, e nunca mais me verás.
E assim ela saiu, puxando-me pelo braço com uma pressa jamais vista. *
____



 Cena 2 - Ato I

*: (considerando narrado off ou não, serve como descrição do cenário
Jovem: Onde estamos?
Morte: Esse lugar é o qual podemos chamar de lugar nenhum.
Jovem: Mas o que queres que faça? Farei. Devo provar que sou digno e sentir teu ar mórbido pela ultima vez  enquanto atravesso a ponte.
Morte: Cuidado, Não será qualquer coisa que terás que fazer. Encare isto como uma jornada onde descobrirá o que a sorte irá te guardar.
Jovem: Não temo nada, senhora. Já enfrentei toda espécie de monstros com minha espada. Minha espada derrubou menos sangue do que eu lágrimas. Caminhei por muitos caminhos mas todos... Oh, todos me levam em tua direção. A brisa fria que congelava meu resto, sequer compara-se com o ar que emana do teu manto. Duvido que exista tarefa mais árdua do que viver. Não será uma jornada em vão, voltarei exausto para finalmente descansar nos teus braços.
Morte: Tua convicção é admirável, mortal.  Logo, verei  se mereces por mim ser ceifado.

Diga-me com quem andas, te direi quem és.


Aprecio esse ditado. Nele mostra-se uma grande quantidade de sabedoria e vivência popular. Talvez eu seja por demais crítico e ou (in)tolerante demais. Mas, ao olhar a meu redor seleciono muito bem com quem compartilho ou não. Digo, nem sempre acerto, que a pessoa é subproduto do meio que ela vive. E não adianta não podemos fugir disso. Os arquétipos estão ali, e são na sua grande maioria comuns. Volta e meia aparce um diamante bruto no meio a caverna densa e escura. Pense assim, ou ele se lapida ou continua bruto para sempre. O problema que muitos aindameioquelapidados parecem lapidados, e ai reside o tormento.
As aparências, nos anos que vivi e passei o mais comum é ver pessoas que são aquilo que são, ou as pessoas que "mudam" para ser aceitas. E isso não é só no "mainstream" o convencional se esconde menos que "inusitados" que aliás nada tem em inusitado ou extraordinário o fato de alguém ser de carne e osso.
A humanidade cansa.

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Aparências - além da visão.





Existem coisas que vão além do que os olhos podem ver. A visão de fato apenas nos impede o raciocínio algumas vezes. "Qual sua tragédia?" "Qual seu nome?" "Quem é você?". Essa "estranheza" vai além do que os olhos podem ver. O momento deferido, a hora morta. Mas, há algo que puxa nas entranhas do ser, uma força maior.
O mundo um rio de possibilidades embora meu ceticismo diga que tudo é aleatório, existe sempre uma certa ordem no caos. Penso que alguns ciclos se auto-renovam em si mesmos enquanto outros apodrecem lentamente. Como o lamento aos mortos, ou ao contemplar algo com aquela carinha de dejá vu.
Ai tu pensas:

-Ah, pode ser o cigarro ou café.

Escuridão não é uma coisa ruim (e nem boa) é apenas a ausência de luz. Veja bem, não gosto de luz pois irrita meus olhos. Pela lógica para mim, luz é algo ruim. E como tudo é opinião, e o blog é meu, prefiro o escuro. Embora pareça algo desacerbadamente cliché, há um certo charme nas partes que ficam escondidas. E a luz revela demais, imperfeições que são imperceptíveis no umbral.
Nada é perfeito.
Nada é eterno.
E nada é perfeitamente eterno.

Porém, existem alguns intanstes que são. Ora tormento, ora gozo. E a repetição cria uma fábrica do eterno.
Assim como todos não sou transparente.
O individual anda abalado.

Existence fails...
Tomorrow prevails...

Anyway...
Ando muito desconsertado mesmo.

A tarde indestrutível

Sorria. Sorria de orelha a orelha e diga:
- Está tudo bem.
Caminhe em direção ao caos cordenado. Ajeite sua gravata, paletó e amarre os cadarços. É o seu show, a platéia espera ansiosamente. Você pode não perceber, mas eles lhe observam, cada detalhe meticulosamente analisado. Para eles você não é você, não passa de uma representação quantitativa em uma prancheta. Não esqueça de sorrir, são seus amigos. Os companheiros de uma longa caminhada que vai dar em lugar nenhum. A vida parece tão cheia e completa nos meandros dessa sociedade organizada. De um nó perfeito em sua gravata de seda, o primeiro por dentro, o segundo por fora. Não aperte demais, se caso não saiba fazer direito vá falar com um alfaiate, não é díficil dar um nó perfeito em uma gravata só requer um pouco de  prática.  Lá fora há uma qunatidade imensa de iguais a voce. É fácil lidar com isso, um sorriso e você ganha as multidões. Embora eu duvide que Hitler que tenha sorrido, Napoleão também. Mas esqueça, você não deve ser preocupar com isso. Na verdade não deve se preocupar com nada. A vida é sua. Mas a grande verdade que tudo a nós pertence, inclusive você. O mundo lhe espera. Não vá esquecer o gel no cabelo e uns livros para quando for malhar depois do serviço. Não tema, ninguém desconfiará. Corpo, alma qual é a diferença? Pense como uma pedra de diamante e uma pedra de quartzo qualquer nem todos são especialistas em pedras preciosas. E é muito mais fácil entender pedras que pessoas. O que difere uma pedra de diamante da gente? Nâo precisa responder o que nem eu sei a resposta.
De um sorriso, respire fundo o mundo exterior te espera. Não há como fugir.
É muito mais fácil agir assim.
Não é?

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Tabula Rasa

"(...) A menor molécula dentro de você já foi pensada por alguns milhões de pessoas antes de você. Qualquer coisa que você possa fazer é entediante, antiga e perfeitamente lega. Você esta segura porque está presa dentro de sua cultura. Qualquer coisa que você possa conceber é boa, porque pode ser concebida por você. É impossível imaginar um meio de escapar disso. Não há saida.
- O mundo é seu berço e a sua armadilha - ela conclui(...)
" - Monstros Invisíveis 





A janela bate. O som reproduzido pelo filete de luz projetado de trás dos corvos é o silêncio. A mesa de desenho mistura-se com a luz e a sombra almagamando-se com corpo, papel em branco e tinta negra.
Talvez você se pergunte o porquê depois de duas horas encarando uma folha que ainda está em branco. Suas mãos dirigem-se ao café,  com um movimento suave quase que pendular leva a xícara à boca. O gosto é o não-gosto. A luz é a não-luz. E você é não-você. E a folha segue em branco.
A noite chega e a lua fulgura à sua janela, os corvos não mais estão lá. E você sequer esteve, a folha imutável torna-se seu maior inimigo. A criação é um processo maldito, uma nova ótica... não passam de conjecturas falhas e uma "imitação de vida". Se qualquer coisa que você faça, se nada de você é você e a folha segue em branco é porque o hiatus ainda segue hiatus.
A maior parte do tempo tudo parece um circo. E aqui está você, na sala dos espelhos perdido. Aquém do espelho, no mundo real. A rainha de copas segue do outro lado, a lebre. Do lado de cá (o qual estamos) existem os pormenores e os detalhes sórdidos. A tabula rasa, você refletido na folha.
E nesse momento até uma mancha de café cria inúmeros mundos.
Todos somos mundos.
Alguns estão arruinados, engolidos por sí mesmos.
Nada do que faça mudará quaisquer detalhe, inércia baby.
Você sairá.
A folha seguira ad aeternum rasa. 






quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Coma Diário

A cada dia que vai passando vou me arrastando na leitura de "Diário" - Chuch Palahniuk. Esse é um daqueles livros que vão te enlaçando devagar. Diferentemente de "Monstros Invisíveis" e "Sobrevivente" Diário é uma novela e as coisas vão acontecendo no percurso do livro. No primeiro - Monstros Invisíveis - a narrativa começa já próxima do desfecho, Shannon vive indo e vindo em suas memórias. Em Sobrevivente a narrativa começa do último capitulo indo ao primeiro, quando acham a caixa-preta do avião sequestrado pelo mesmo. Em Diário novamente vemos os personagens criando cada vez mais vida e mostrando a hipocrisia humana sem máscaras e ou bandaids. Desta vez há o coma, a escola de belas-artes, as relações de matrimônio, familiares em geral, dinheiro, ideologias. A trama é bem mais complexa que as anteriores, além de ser um livro mais denso pois nem sempre é o mesmo narrador e todo cuidado é pouco para não se perder, embora cada personagem tenha voz própria.

"Dê uma olhada no espelho. Veja bem seu rosto. Veja seus olhos, sua boca.
É isso que você acha que conhece melhor."

Os temas abordados vão além de uma simples história linear das (des)venturas de um casal, um em coma real, e outro em "coma" em vida.
"Todos estamos em coma, você só não sabe o seu.(...) Beber é meu coma pessoal"

"Você está condenado a ser você(...) A sua caligrafia. O modo como você anda. Que padrão de porcelana você escolhe. Tudo isso lhe denuncia. Tudo o que você faz mostra a sua mão.
Tudo é um auto-retrato.
Tudo é um diário."

Apenas alguns fragmentos...
Em época de bienal, postarei a relação dos personagens oriundos de uma faculdade de belas-artes e meus pontos de vista da mesma maneira.

Síndrome de Stendhal foi o que senti lendo este livro.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009



Para ser apreciada ouvindo - Katatonia: Clean Today ou Radiohead: Paranoid Android.

Lamento da inexorável finitude.

Tenha uma vida digna. - Dizia a placa em frente da minha casa. Venho observando essa placa há anos e até hoje não sei dizer o que isso significa. O que vem a ser esta tal dignidade?
Isso não é uma ficção.
Nas noites que meu corpo flutua perambulando pela casa e dificilmente o sono aparece quando a cabeça esta cheia, penso nas probalidades e no sentido dessa frase.
Vamos aos fatos, buscando a resolução do problema.

1- Defina vida.
2- Defina dignidade.
3- Como ter as duas.

Nessas últimas noites a clave de sol parece um pouco deslocada das tablaturas. E o que parece a ser um sentimento em dó tende ao bemol. A orquestra dissonante de um hiato sensorial. Para facilitar a demonstração deste raciocínio noturno pego as definições do Priberam:


vida | s. f.

vida
s. f.
1. O período de tempo que decorre desde o nascimento até à morte dos seres.
2. Modo de viver.
3. Comportamento.
4. Alimentação e necessidade da vida.
5. Ocupação, profissão, carreira.
6. Princípio de existência, de força, de entusiasmo, de actividade!atividade (diz-se das pessoas e das coisas).
7. Fundamento, essência; causa, origem.
8. Biografia.


2- Digno(a)




digno
adj.
adj.
1. Merecedor, credor, benemérito.
2. Brioso; pundonoroso; honrado; correcto!correto.
3. Ilustre; grande; nobre.
4. Hábil; capaz.
5. Merecido; correspondente ao merecimento; proporcionado.

Bem aqui cruzei alguns resultados.

- 3. Comportamento. 3. Ilustre; grande; nobre - Nesse caso acabei em um paradoxo... Comportamento Ilustre perante quem ou o quê?

4. Alimentação e necessidade da vida. 4. Hábil; capaz. - A vida isolada tem isso, não?

O que me chama atenção na definição de digno é justamente essa:

4. Hábil; capaz.

Viver requer muita habilidade e capacidade, e isso não é discurso otimista, devido ao fato que o aleatório se faz presente. Seria como jogar um jogo de azar mas onde a habilidade do jogador seja fundamental. E isso é apenas um pequeno extrato das coisas que passam na minha cabeça.


- Have a life, have a job. And now?

O contato social é algo extremamente complexo ora é bom ora ruim, não é que nem um pedaço de lazanha ou um café com cigarro lendo um livro. A vida em si e seus demais aspectos forjam um rede sufocante. E a habilidade (capacidade) de flutuar sobre a teia é relevante. Talvez a vida e a dignidade não andem juntas, talvez andem. Mas o necessário seria relevar as probalidades e lidar com o caos que as mesmas juntas podem causar.

Apenas delírios notívagos sem nenhum propósito...

domingo, 18 de outubro de 2009

Para Susan com amor

Esta não é uma história de amor, e eu nem sequer conheço uma tal de Susan. Houve uma época que alguém à conheceu. Era um doutor-bioquímico suíço com nome alemão.
Wilhelm é o pai disso que seguro na minha mão esquerda, a droga mais potente de todo o mundo:
-Para Susan com amor.
Irônico não? Susan era a esposa de Wilhelm que tinha um caso com Zoe. Zoe era prostituta e Susan por sua vez era pintora. Talvez você fique entediado com essa parte da história, como lhe falei não há amor aqui, e Susan é só um nome de droga, que está na minha mão esquerda. Parece estranho mas estar aqui me despertou a vontade compartilhar a origem dessa droga, que por muito tempo julguei ser uma lenda urbana. Não me interrompa.
Susan era uma mulher anormal, gostava de Wilhelm. Mas com o tempo a relação dos dois ficara enfadonha, e não era por causa da rotina. O doutor ficou obcecado pela criação de um remédio que salvaria vidas, trabalhava em uma cura para o câncer. Susan se preocupava com uma nova expressão artística, estava obcecada por auto-retratos.
Enquanto o Doutor estudava, Susan pintava, Zoe estava no distrito vermelho e com certeza, ela não buscava absolutamente nada. Três dias atrás estava na esquina de um dos becos sujos da cidade, encontrei com um lacaiozinho o nome dele era Charles.
Estava completamente fumado, seus olhos esbugalhavam-se e as mãos bem retraídas. Parecia um circo, e eu era o palhaço. Ele falou algumas palavras, enquanto babava-se. A única coisa que escutei ele dizer com clareza foi:
-Para Susan com amor.
Eu não acreditei à primeira ouvida. Achava que era uma obsessão antiga, e agora isso era apenas uma linha esquecida no canto do jornal. Ele sorria, e disse novamente.
-Para Susan com amor. – e apontava para a rua.
Questionei sobre onde ele havia escutado esse nome, quem lhe disse. Não adiantou muito, há três dias atrás meus delírios foram comprovados. Existia a droga, e alguém a tinha por aí, era uma questão de tempo.
Com o passar dos anos e a relação esfriando Susan, depois de pintar muitos auto-retratos, contraiu uma grave doença, Wilhelm parou com a pesquisa em câncer e dedicou-se a diagnosticar a esposa. Em vão, passava noites no laboratório, mandando amostras de sangue para todo o mundo e não recebia nenhuma resposta.
Sai do beco e fui até um bar. Minha cabeça estava rodando em gozo. Realmente a tal droga existia. Uma procura de muitos anos finalmente estava para acabar. No bar eu iria encontrar com alguns tipinhos que conheço, informação é sempre fácil de se conseguir quando se tem uns trocados no bolso para pagar uns tragos. A noite começava a feder.
Escrevi em um papel manchado com café:
-Para Susan com amor. – assim não precisaria falar muito.
Wilhelm andava exausto pois não sabia ao certo o que a esposa tinha, mas uma coisa sabia ele iria cura-la. Dobrou o turno de trabalho no laboratório, mal se viam. Susan sabia que viria a morrer em breve e dobrou as horas no atelier. Os anos foram passando, Wilhelm cada vez mais longe da cura, e Susan cada vez mais perto da morte.
Quando entrei no bar vi as mesmas pessoas de sempre: brancos, negros, amarelos, drogados, prostitutas e policias disfarçados. Não entendo porque um policial se disfarça se quem é treinado na rua consegue farejar um agente da lei a kilômetros. A tentativa é livre, o obcecado por uma lenda urbana falando. Bem isso foi há três dias atrás.

Havia um sujeito sentado na copa, seu nome era Martin, mas gostava de se chamado de Estirpador. Sabe esses maníacos homicidas com mania de grandeza? Esse era o Martin, dois metros de altura, musculoso e burro feito uma porta. Se o dobrasse sabia que conseguiria as informações necessárias para encontrar a tal droga.
O doutor tinha envelhecido muito nos últimos anos, Susan definhava no seu leito. Para pintar ele amarrava os pinceis nos dedos para que não os soltasse no chão.
Wilhelm às vésperas de criar a nova droga se sentia sozinho. O corpo gritava por sexo mas não tinha cara nem coragem de ir até a cama, ele foi fraco e resolveu pagar uma prostituta e então ele foi para o distrito vermelho.
Paguei uma dose de uísque ao Martin, ele tinha ficado contente. Me falou dos seus grandes planos, assassinatos, roubos era o terror em pessoa. Nada daquilo me interessava, só queria saber o que você já sabe o que eu queria. E como você pode ver, está na minha mão esquerda, uma bela pílula não? Estávamos muito bêbados, ele disse que falaria onde ouviu falar se eu fosse com ele até o centro da cidade.
-Pelos velhos tempos – Disse ele batendo nas minhas costas.
Obviamente eu acabei indo, nos divertimos isso basta. Me falou que os meninos do cais sabiam, era uma pista. Já era tarde no outro dia iria até lá.
Por volta das três da manha Wilhelm estava na Zona. Se sentia pesado, suas roupas eram grandes. Usava uma capa sobre o terno. Era de couro, material bom. Seus óculos redondos e pequeninos escondiam seu olhar. Ele só queria uma prostituta para deitar aquela noite. E então viu Zoe.
Pela manhã fui para as docas. Lá era um lugar perigoso, até mesmo para mim altamente relacionado com o submundo e acredite, isso não foi uma ironia. Havia sido tranqüilo, me falaram onde arrumar a droga, custou-me um nota. Essa noite teria Para Susan com amor. Zoe correu até o doutor. Ele a pegou nos braços, enlaçando-a. Passou a noite lá, quando saiu era manhã e sol ardia sobre a cidade. Zoe despediu-se. Wilhelm, o adultero ia para a casa com a culpa sobre o corpo, na hora ninguém pensa não é mesmo?
Ai você fica me olhando, eu aqui parado. Com essa coisinha na mão, fica se vangloriando mas o vencedor fica com as batatas não é?
E quem são as batatas?
Quando voltou, o doutor rumou direto ao laboratório. Conta-se que passou três dias sem sair, e finalmente concluiu sua obra-prima. Wilhelm estava feliz, a culpa aliviada. Correu para o quarto e constatou que Susan estava morta há três dias. Tomado por raiva e culpa, tentou se matar, em vão.
Ontem, você sabe... Estava naquela esquina, no lugar marcado, na hora marcada.
Anos de luta, resumidos a um simples e notívago encontro. O nome do sujeito era Arthur. Conversamos, e ele não quis me vender a droga. Então você sabe o que aconteceu. E nada mais tenho para falar.
Ah sim, havia esquecido. O doutor pegou sua criação, eram em torno de doze pílulas e as levou para o distrito. Passou a noite novamente com Zoe, e pela culpa a fez tomar o remédio. Esperto e cretino do jeito que era Wilhelm diluiu a pílula na bebida da mulher.
Os relatos e a certidão de óbito dizem que ela viajou durante três dias e morreu comida pelos seu próprio sistema imunológico, o verdadeiro suicídio. O doutor tomou também, e aconteceu o mesmo. Quando encontraram o corpo do Doutor no bolso havia um bilhete:
-Para Susan com Amor.
E você acha mesmo que vou esperar o julgamento, e morrer na cadeira elétrica?

Desprobalidades

Aquela noite reverbera dentro de mim. Foi a ultima vez que eu a vi, mas de certa forma foi a ultima vez que me vi também. Ah, simplesmente não sei explicar. Eram tempos difíceis eu andava sem dinheiro, e ela sem muita paciência . Estranho que quando ela estava aqui costumava sentar sobre minha cama, com as mãos no cabelo, com aquele ar de intocável. Aquilo era só a casca dura. As mãos desenhavam ondas pelos cabelos negros, o pescoço apontava para um lugar o qual não gostaria de estar. Eu ficava ali parado olhando ela se perder enquanto eu já perdido afogado na visão dos seus cabelos.
Aquilo tomava conta de mim, era como se me enchesse de desespero por saber que aquilo esgotaria cedo ou tarde. Sabia que nunca ia ser para sempre, e sabia também que o dia acaba, e que temos que dormir. Eu sabia! Mas estava cagando para tudo isso. Eu ficava ali, vendo meus sonhos de infância se inflarem e estourarem na minha frente como balões cheios de água. E aquela água toda ia direto na minha cara.
Essa noite sentei na cama, tentei mexer nos meus cabelos. Não era a mesma coisa. Mesmo quando tinha colocado um espelho na minha frente para que de repente emulasse a sua presença aqui. Ah, como sou estranho. Minhas mãos imitavam o ritmo, minha mente fazia o resto. Mas o mais importante, não estava lá: Sua presença.
O tempo corre bem quando estamos nos sentido mal. Algo inexplicável já que deveria ser o contrário. Ela é uma presença fictícia porem mais real do que eu mesmo aqui segurando as pontas dos meus cabelos que nem sequer lembram os dela.
Alias nada em mim a lembra. Nem o espelho, os gestos. Absolutamente nada.
À noite fico olhando pela janela buscando respostas, mas nem sequer existem perguntas. Acendo alguns cigarros, provo de vinhos baratos. Mas como já disse e você bem sabe. Nada é igual. Não passa de realidades alteradas para que satisfaçam alguma lacuna que nunca será preenchida, a não ser pelo que é real. E o real... é distante demais daqui.
Volto para uma noite antes. Estávamos sentados sobre a mesma cama. Ela olhava a janela, eu a olhava. A via como um ser mais importante que eu aquele dia.
-E então, você vai me deixar – Ela disse.
-Não.
-Vai sim. Está na sua cara! – Sorriu.
Acendeu um cigarro enquanto me via com cara de cordeiro atingido por uma flecha. Ria como uma louca. Ao mesmo tempo que tinha certeza que era escárnio, sabia que era um desespero além do normal. Era pânico. Medo de que nada mais desse certo. Ela chorava e eu tentava sentir algo. Apertei minhas sobrancelhas, fiz de tudo mas não consegui chorar por fora. Dentro de mim havia um pânico maior. De que adianta externar lágrimas se por dentro eu me afogava em tristeza. Ela sorria e chorava.
Meu cigarro escorria pelas pontas dos meus dedos, meus olhos já haviam secado enquanto ela vestia-se com suas roupas velhas e seu medo.
Ela saiu. Voltou no outro dia. E eu que nunca mais voltei. Me sinto perdido desde o momento em que a encontrei e não consegui voltar aonde eu estava.
E na janela passo meus dias.
Tento reencontra-la e a mim mesmo.

Impressões Dionísicas.

Sol fulgurando raios vermelhos!
Distância que sinto do EU.
Meu rosto partindo em espelhos.
Perdendo aqilo que fora meu.

Vinho que estanca meu sangrar!
Tarde maldita que segue lá fora.
Dor que remonta meu olhar.
Suma luz bastarda! Vá embora!

É dor, mesmo que invisível.
Deita em teu corpo.
É ódio mesmo que destrutível.
Toma em meu copo.

Taças não feitas de crânios.
Lábios feitos de pesadelos.

Vinho.
Mesmo que por inteiro.

Ex-machina


Os retratos nas paredes te convidam à uma refeição com os mortos. Ao longo do corredor escuro, que tem uns quatro metros e meio, estão todos ali enfileirados. Me observam e estão de uma certa maneira mais vivos do que eu. A maneira como fitam meus olhos e a mim é como se eu fosse o quadro. Estou parado, mas meu rosto desliza sobre meus ombros e minhas pequenas mãos agarram o que sobrou de mim:
-Nada.
Cercado por observadores, analisando minhas roupas, expressão carregada de quase trinta anos, a composição pobre com poucas diagonais e algumas repetições justapostas finalizando aquilo que se vê e atenuando as linhas invisíveis.
O que realmente somos?
Quadros sem molduras pendurados pela vida, talvez essa seja uma das respostas. Cheiramos à óleo barato, poluição e produtos químicos que mais parecem vacinas contra o estado atual de vazio ao qual nos submetemos. A torpe existência.
Falando em estilo e composição não chegamos as pinceladas fortes, contínuas e emocionais de um Van Gogh.. Homem, trinta anos, calças e camisa preta, cabelo raspado, olhos mortos, negros e perdidos. Será isso que eles enxergam?
Apenas um parece olhar através de mim. Iluminação não era o melhor fator do lugar. Definitivamente eu não era um barroco, muito menos ela. Seu cabelo esvoaçava pela sua tez amarelada, os olhos vermelhos pareciam lançadores de faca circenses, isso era ela. E isto era eu. Ou quase tinha certeza de que era. Havia uma assinatura no lado esquerdo inferior, era minha.

A razão diz:
-Não seja tolo! Criasse algo. Algo que te corta, e é tão bem construído que nem sequer lembra dos detalhes!

A emoção diz:
-Olhe como ela te olha. O rubro daquele olhar não fora tu que criaste! Há vida própria neles. Uma vida que saiu de ti, e precisas recuperar rapidamente.

Eu digo:
- Como posso dar razão à razão? Ou pior ainda...como lidar com isso emocionalmente? Nada sei, ela não sou eu. Talvez nem o tenha sido alguma vez em algum passado remoto, ou o contrário.

Ela diz:

-Me possua. Sou a parte que esquecera. Sou a lembrança mórbida vilipendiada pelo externo. Precisa de mim.

Algo dentro de mim diz:
-Enlouqueci.

Ela sorri com ar de desprezo. Seu escárnio me atravessa.
Não há quadros, sem mais molduras. Só há nos dois , nus. Não de roupas, mas de almas. Vestindo apenas olhares com matiz avermelhada, sangrando internamente. Uma hemorragia interna de pensamentos desordenados.
O ambiente colore-se de negro, rapidamente o soturno invade. Algo entre Giotto e Caravaggio. Entre os umbrais ela caminha em minha direção. Os olhos com aquela pigmentação vermelho-cinzenta. A pele amarelada com nuâncias de cinza espectral.
-Não há porque temer. – Ela diz segurando os cabelos negros.
-Não temo o que criei. – Debocho.
-Será que criou?
-Não tenho certeza.
-Me beije – ela diz.

Vejo ela mover-se pela sala. Deslizando sobre o assoalho, sua forma de sombra. Não sinto absolutamente nada, ela acende a luz. Não há mais outros quadros, molduras. Só há um, e nele estou. Ela sorri  escarnecendo, fecha a porta.
Estático eu fico preso à parede.
-Então quem criou quem?

(escuridão.)


sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Mais Bienal.

Eis que me deparei com um flyer hoje do tão aclamado evento. Sério... chega  a ser uma caricatura o negócio. Eu me perguntei durante os quatro anos na instituição de belas(?)-artes(?) qual a finalidade disso tudo?
Ano 1:

Viajando sobre a composição. Experimentando as riquezas e vastidões de uma folha de papel:
O desenho.

E então paramos na bienal... Ferro, madeira e até chocolate. Eu me pergunto, cade a arte nessa merda?
Santinhos de chocolate?
Por favor.


Economizando linhas, laudas.

Frase de um caderno antigo (2003)

"Ter ido à bienal só mostrou que existem muito mais idiotas no mundo que imaginava, não é só no Brasil é na América-Latina toda, e no mundo. Realmente perdi um dia da minha vida vendo lixo."

Boa Bienal

A merda da Bienal

É engraçado... De dois em dois anos todos os países do Mercosul (e outros, não entendo o que e a econômia tem a ver com isto, peraí tem sim). Se juntam em POA para... fazer MERDA. Lá vão estar todos os merdas dos artistas contempôraneos, dançarinos, escritores, cineastas. Todos os merdas estarão lá, os figurões que não sabem desenhar, os figurões que não sabe entender arte também.
Aliás é algo que sinto ojeriza.
TODO IMBECIL ENTENDE DE ARTE HOJE EM DIA!
(sempre foi assim, leiam Ensaio sobre a modernidade)
 A grande verdade é que sempre foi assim, os posudos e intelectualóides vão lá nas exposições (quando se trata de bienal leia: recanto burguês disfarçado de movimento popular).
Fato é que todo movimento outrora "popular" vira movimento burguês. E sério dá nojo os bostinhas lá se fazendo de engajados, a FAÇA-ME  O FAVOR!
Pois bem esse ano (2009) mais uma BIENAL do LIXO. Cheia de gente sem criatividade nenhuma, tentando inovar com novos suportes, novas leituras, novas interações... E lá os transeuntes ficarão atônitos cheios de lágrimas por entenderem a GRANDE e NOVA ARTE:
O VAZIO.
Afinal hoje em dia todo mundo é artista, escritor e filosófo.  Somos os grandes pensadores de merda, com a cabeça cheia de porra nenhuma tresloucados numa sala escura e cheia de cadáveres.
Isso somos nós.
Os grandes "novatos", achando que tudo sabemos. Que nossas expressão é demais. E que a minha instalação é a melhor do mundo. Que haverão altos "happenings".
Mas no fim todos sabemos a resposta...

A bienal será mais um eventinho para pessoas radicais e "civilizadas" que apreciam "arte"(?) e fazem...
"arte"(?).

Isso aí boa sorte para os que vão no MEGA evento Burguês disfarçado de popular que acontece de dois em dois anos em Porto Alegre - Rs. Não me convidem e nem quero saber sobre.

Compêndio do conhecimento para acéfalos - Parte 1

Então você chega em casa e dá um sorrisinho escarnecendo o mundo. Logo ao abrir a porta você caminha bem devagar sobre o assoalho feito com alguma madeira nobre. Caminha como se fosse um dinossauro, as patas batendo bem forte no chão tudo estremece. Entre a porta e a sala são apenas alguns longos passos, seu sorriso e satisfação por mais um dia no seu nobre lar. E lá está você! Cheio de si, cagando para tudo e todos, com suas calças caras e sua camisa que custaram bem mais caro que o guarda-roupa inteiro daqueles que conhece bem. Senta-se ao sofá, um sofá caro e confortável. Puro luxo! E ali sua bunda fica hermeticamente confortável, o fruto do conhecimento de físicos, engenheiros e etecetera. Olha as horas no seu ultra-caro relógio de ouro que funciona com corda ou pilhas, às vezes ambos. São dez da noite e ali é o fruto do seu nobre trabalho:
-Ganhar dinheiro fácil.
Ao girar seu pulso, você alcança facilmente o controle-remoto da sua tevê de plasma, vê as notícias em algum canal de lingua estrangeira, põe as mãos no queixo e presta atenção em tudo o que o homenzinho engravatado está dizendo "Nasdaq aumentou dois pontos." "Wallstreet está em polvorosa."  "Steve Jobs abre mais espaço para sua fantástica Apple". O fascínio toma conta. Você almeja estar lá, nas telas esbanjando simpatia e sorrisos forçados. Quer estar entre os figurões do mercado. Você é simplesmente o cara.
E então percebe que tem um livro no chão. Encara-o e não sabe o porquê dele estar ali te encarando. Não é nenhum "Arte da guerra" "A vida de Steve Jobs" ou qualquer livrinho sobre como ficar rico, ou como encher o rabo de dinheiro vendendo porcarias inúteis que de repente tornam-se essênciais à humanidade. É um livro e ele está ali. Suas mãos o pegam, tocam  e sentem o cheiro do papel. Você pensa "Nossa, que troço asqueroso.". E o joga no lixo. Afinal de contas, você é o supremo. O alfa-dog. Você é foda.
Ai eu me pergunto...
Será?

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Correr ou lutar? - Nenhum.

É bem isso.
Nenhum.
Estranho? Simples, quantas vezes já lutasse contra algo que não há possibilidade de vitória e quantas vezes já corresse de confrontos inevitáveis?
A resposta é simples:
-Nenhum, além disso é inútil. Perder energia...
Face a face com tais possibilidades, sobra o tédio. Aquela sensação de Déja vu inesgotável. E tem horas que parecem que tenho um saquinho cheios de pocket déja vu.
Quando nada mais surpreende a gente, sobra a surpresa por coisas que normalmente não nos surpreenderiam. Logo, o efeito seria extremamente antagônico que o inicial. Algo tipo...psicologia reversa para newbies.
Outro assunto esbarra o tédio.
Se ele é indestrutível qual é o problema?
-NENHUM!
O mundo não é lá tão colorido assim para que todas as coisas sejam tão vermelhinhas ou rosáceas(é da flor mesmo). Não gosto da visão Doriana of life. Sentar à mesa com o sorriso borrachudo, a boca cheia de pão, cabelos loiros ao vento e aquela cara de retardado nojento olhando para os "familiares" com carinha de cãozinho feliz. Sinceramente eu odeio Margarina e odeio as propagandas de Margarina (embora não assista tv há mais de 4 anos, não gostava das propagandas mesmo).
E que artefato inútil essa tal televisão.
Sobra outra probabilidade:
-Famílias imperfeitas - Não recordo de outras propagandas, não vejo tv lembram?
Igual, não faz sentido nada nesse post, e o que na nossa vida faz sentido?
Ser tragado pela alegria ou pela tristeza?
Margarina ou Manteiga?
Correr ou lutar?
Nenhum.
Sobra então a noite. E ela é toda minha.


Do pó ao pó.

Finalizando a leitura de Pergunte ao Pó, cheguei a conclusão de que o prefácio está realmente correto.
"Cada linha tem sua própria energia(...)" - Buk.
É um daqueles livros que quando tu termina a leitura, imediatamente uma nova começa e assim ad infinitum. Bandini e Camilla ainda não saem da minha cabeça. As ruas de L.A ainda permanecem vivas na minha memória, não nunca estive em L.A fisicamente, vivo muito lá ultimamente.
Eis que saio da L.A poética de Fante totalmente emocional, uma cidade viva mas ao mesmo tempo morta. E entro diretamente na nova L.A de Palahniuk, uma cidade mais de mentira um lugar cruel e sombrio. É estranho tudo isso pois a L.A de Bukowski é uma cidade mais "agitada" (óbvio, fator tempo) e já de Palahniuk uma cidade de vidro, cheia de turistas.
Ah... Sinto que conheço aquelas ruas... De Long Beach a Bunker Hill ou nos intermináveis bares do distrito!
Quantas cervejas tomamos, o uísque barato e a lascívia pelas ruas.
Mas nada disso importa e sim a cidade que respira por si própria. E como o próprio Buk diz:
"Los Asnos" é uma cidade assaz divertida, quando retratada em prosa. E na prosa desses três... comecei a ver a City com outros olhos.
Nunca imaginara que Los Angeles poderia se tornar uma cidade interessante no meu "péssimo" gosto para cidades.
Enfim...

De Pulp ao pó, do pó ao diário.



                                          L.A fragment - Crumb.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

A opção pela "dor".


A noite parece me engolir. Tudo vai escorregando lentamente pela ponta dos meus dedos. Sofrimento é uma definição a qual nos apegamos para explicar o que não é gozo. O copo de vinho tragado pelas sombras externas, completam-se na umbra interna.
Pele pálida que enegrece ao sentir o que não (já)mais sente.

Mãos que batem alucinadamente nas teclas anseando desesperadamente por coisa alguma. A luz externa mescla-se com esse desespero, aglutinando-se em forma de loucura. Ah, loucura breve que não me tira todos os sentidos. E tem horas que gostaria de fechar meus olhos e acordar possuído por essa sensação e quem sabe, nunca mais voltar.
Houve um tempo que caminhava e acreditava que era diferente.
Mas já sabemos que essa não é a mais a verdade. Sabemos que tudo é visto de cima e nunca por dentro. Que não se lê pensamentos e que o véu sempre é descoberto mostrando-nos o que não se quer e nem se deve ver.
Como somos tolos achando que as coisas são passageiras ou eternas. Infelizmente elas coexistem em cada esquina, cada banco de café, cada tijolinho da rua. Era uma janela que jorrava esperança e agora nem janela há. É uma porta de baú onde me enclausurei pelo lado de dentro e joguei a chave fora.

"Se quisesse um pouco de sinceridade buscava os russos pré-revolução" - Charles Bukowski.

Dá pra tirar muitas metáforas dessa frase, que tem um sentido linear e óbvio. Mas sempre distorcemos o que lemos ou escutamos trazendo para uma reconfiguração de acordo com o que passamos ou vamos passar. Nesse exato momento me sinto nu. Não de corpo, mas de alma. Vejo meus sentires e minhas ânsias de uma maneira que nunca vi. Nosso maior medo é deixar transparecer as coisas, não?
Medo de ser sincero, medo de ser honesto.
É esse e outros medos que nos deixam fraco, nos torna aquém de pessoas. Meros esboços desleixados. Arturo, Arturo Bandini, cujo nome ecoou em minha cabeça agora.
Esse pó, essa dor. Essa busca pela aceitação... "O cachorrinho sorriu".
Talvez o pó saiba mais que quaisquer um de nós. Só ele foi testemunha, só ele sabe o que viu. As lágrimas que vivenciou, os sorrisos falsos. O escárnio!
Mas... o "cachorrinho sorriu",
O filho que abandonou a Mãe, largou tudo! E foi tentar em Bunker Hill a sorte.
Sorte?


A chuva caí la fora...
Ela é tão forte que me desmembra. E pela primeira vez em alguns anos sinto que nos tornamos um. O mesmo compasso...
São tantos pingos os vejo em vermelho, preto e cinza. Essas são as cores que mais vejo durante a minha vida. Algumas pessoas são vermelhas mas a grande maioria é cinza.

"(...)como odeio você, sua suja. Mas é mais limpa que eu, porque não tem nenhuma mente para vender, apenas aquela pobre carne.(...)" Pergunte ao pó - trecho.

Essa parte ainda me atormenta, penso muito sobre isso. Por que será que pessoas vendem-se por tão pouco, não só carne (que aliás é o menor dos males) mas sim o pensamento. De construir uma imagem inatingível e depois...simplesmente desmoronar-se entre si e os outros, sobretudo a si mesmo.

Pergunte ao pó, certamente ele saberá mais que eu. Pois ele sabe onde estive. E em breve me juntarei a ele.

domingo, 11 de outubro de 2009

No consultório 2

Era um novo dia em minha vida, fazia alguns dias que os remédios já não aplacavam mais minha existência fragilizada pelo convívio social.
-Desespero - Eu dizia, mas não cogitava que coisas como um bocado de remédios seriam tão importantes assim. A noite parecia uma camarada fiel, nunca me desapontara nesses anos de parceria. Éramos dois insones que só conseguiam fechar os olhos quando o sol raiava no horizonte e mesmo assim eu continuava dizendo:
-Desespero!
Sabia que a situação atual era temporária, que não ficaria muito tempo por aqui sem ter que vender minha alma para a doutora. A essa altura da minha vida, nomes eram apenas designações sofisticadas. Algo tipo, milho verde ou milho amarelo, embora na minha humilde visão os dois fossem exatamente a mesma porcaria.
Tudo transcorreu perfeitamente distorcido, e o tempo era um mero híato entre o antes e o agora. Antes eu ficava em casa dopado, agora sento à sala de espera, esperando para ficar dopado.
Tempos modernos, eu não estou sozinho aqui. Tantos tipos de pessoa precisando de outras coisas, não uma consulta com uma farsante, que veste a carapuça da medicina para simplesmente oferecer remédios onde sequer há alguma mazela.
A lucidez me deixa em pane. E até os lírios da sala me encaram e em uma só voz falam o que já estou cansado de encarar.
-Desespero!
Eu tento não olhar para os lados, uma força que brota de todos os lugares e não chega em lugar nenhum. Ali estão eles esperando. Ah, quem espera mudança aqui? Quem espera que algum transtorno que nos torna único seja erradicado sem sequer deixar quaisquer vestígios!
Poderia repetir aqui um milhão de vezes:
-Eu não tenho problemas, apenas me dê uma porrada de remédios.
Mas sabemos que não é assim que funciona, algumas pessoas só funcionam com o teatrinho armado. Te analisam dos pés à cabeça procurando algum ponto em comum, ou algo do tipo conjunto intersecção. Nunca encontram nada, apenas o que já sabemos:
-Desespero.
Lembro uma vez, era bem criança, vagava pela biblioteca do meu colégio. Era uma tarde daquelas que tudo parecia dar errado, o sol brilhava fulgurando pequenas salamandras pelo céu.
O chão emanava ondas de calor que te faziam sentir em um grande micro-ondas, e tu suava feito um porco. Aquelas sensações me deixavam tonto ora porque eu não gostava do calor intenso, ora eram as outras crianças que me perguntavam coisas as quais não sabia a resposta, muito menos cogitava as encontrar. Eram tempos difícieis... fome, calor e a situação em si me deixavam transtornado. Naquela época eu achava que se conseguisse manter minha mente ocupada e se conseguisse ler todos os livros, me tornaria alguém que poderia ajudar a minha família e sobretudo principalmente ajudar a mim mesmo. Saindo daquela condição de miséria humana, social e intelectual. A família é algo sempre complicado e parece que o amor hoje em dia é demonstrado apenas pelo dinheiro ou alguma espécie de status social ou intelectual. Não sei aquilo modificou o que eu me tornei, nem sempre as dificuldades engrandecem a alma e na mesma proporção as facilidades. Fato que tudo tem um estopim, e o que importa?
Estou aqui às vesperas de uma nova consulta.
A porta lentamente vai se abrindo.
Digo mais uma vez:
-Desespero.




(pra quem não leu, ou esqueceu, aqui vai o link:)

http://leiturasdesenhadas.blogspot.com/2009/08/no-consultorio.html

I am Bandini.

"(...)De manhã, acordei e decidi que devia fazer mais exercícios físicos, e comecei imediatamente. Fiz vários exercícios de flexão. Escovei os dentes, senti gosto de sangue, vi pontos rosados na escova de dente, lembrei-me da propaganda e decidi sair para tomar café.(...)"

Logo na primeira página de Pergunte ao pó(Ask the dust) - Fante, John - me deparei com este treco (um de muitos) os quais me identifiquei. Devo dizer que identificar com trechos escritos por alguém há tanto tempo só me mostra o quanto não pertenço (ou não quero pertencer) a esse tempo medíocre. " A poesia morreu, creio eu."(poema curto) -
Ler algo que arrebata e ao mesmo tempo que te empolga te sufoca, te joga para cima e para baixo. Como se ficasse seguro apenas por uma ponta de faca prestes a cair.

"(...) aí um montão de tempo se passou quando parei diante da vitrine de uma tabacaria e fiquei olhando, e o mundo inteiro se apagou exceto aquela vitrine, e fiquei ali e fumei todos os cachimbos(...)"

Estranho que esse tipo de leitura me remete a lugares e coisas que já vivi e até pouco tempo atrás julguei morta dentro de mim. É como se reacendesse uma memória , e essa mesma fosse uma pequena luzinha e de repente... voi lá, temos um farol aceso com potência para iluminar a porra do continente todo.


P.s - Descobri que tem um filme desse livro, e não irei assistir.

sábado, 10 de outubro de 2009

Human Error

J.B Greuze - Espelho quebrado (um dos meus favoritos dele)
A máxima das máximas do lugar comum:
"Errar é humano."

Pois bem, o cara que proferiu essa frase pela primeira vez era muito esperto. Acredito eu que ele a usou para desculpar-se de algum erro que fez afinal...todos erramos, certo?
Continuando, se todos erramos partimos para a questão:
Por que erramos?
Não acho que exista tal resposta, até porque talvez eu seja humano também ou também erre. Mas só o desfecho conta? Então, colocamos fora um livro fora porque o final não nos agradou?
Tantas metáforas para explicar o que não tem explicação.
Ultimamente tenho visto coisas que não quero ver:
Pessoas, lugares, situações, sentimentos e blabla. De certa forma a maioria dos problemas vem de um lugar externo pois dialogam intrinsecamente com o interno. Um erro parece o motor para vários, e uma desculpa uma permissão para tantos outros.
Todavia, seria julgar um livro pela capa ou um sabor pela aparência. É nessas horas que penso que deveria ponderar mais, ou simplesmente não dar a mínima.
No fundo é mais satisfeito aquela pessoa que é enganada e sabe que está sendo enganada do que aquele que engana os outros e a sí mesmo.
Veja bem, não é demérito nenhum ser enganado. Pelo contrário, uma das poucas coisas que mantém alguém humano não é errar, mas sim confiar.
E em erros e acertos o que resta?
Absolutamente nada!
No auge dos meus vinte e nove anos, a única coisa que vi entre os tais humanos:
-Mentiras, hipocrisias, enganações etecetera.
Não posso me excluir dessa situação, não posso negar que já bebi desse vinho. O que vale para os outros vale para mim também.
Os dias e horas passam como navalhas sob minha carne e o tempo so dilacera o que há por dentro, acho que quanto mais tempo passa mais os ossos, carne e músculos sofrem uma mutação provocada pelo olho da medusa social nos enrijecendo mais e mais.
Em alguns momentos a dura casca parece quebrar, mas quando a "chuva" está para chegar sempre existe algo que a bloqueia então o externo embebe-se na claridade escura e o interno "diluveia-se" por completo.
Sobra aquela parte... a parte mais escura. E quando fala-se dela, entoam canções citam nomes que ela não pertence. Atribuem nomenclaturas e a forram de maniqueísmo. Quando na verdade é só o "lado escuro da lua".
Vejo minha vida em um espelho e ele está quebrado.

Chuva Vermelha

Tem coisas que deveriam ficar fechadas. Portas que nunca deveriam ser abertas, e assim é o que somos.
Portas. Janelas. Buracos.
É aquela hora que se observa o que não existe, mas de certa forma existe, formando nuvens negras à tua volta. E as nuvens relampeiam, chovem e gritam estrondosamente. A tempestade formada no vácuo.
No olho do furacão formam-se rostos, corpos e pesadelos que não deveriam estar naquele lugar, mas estão. Te encaram com olhos vermelhos e o máximo que consegue sentir é um esboço de uma emoção. E aquela água toda, aquele vento te encobrem por completo.
Ah, caímos tão lentamente mas sentimos o impacto multiplicado por mil. A velocidade é uma inconstância da alma. Em dias que tempo parace apenas uma musiquinha em uma caixa de som antiquíssima feita de cedro.
A música é só um adendo quase que imperceptível, já que os trovões alardeam o nada. Viver parece isso, uma chuva. E não chove para sempre...

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

O rótulo e as denominações

Não há nada mais cretino que alguém que diz:
_ AH, eu sou "blablabla".


Houve um tempo em que as pessoas rotulavam as outras, coisa do passado!
Agora elas mesmas fazem isso! Em tons cinza desbotados esboçam personalidades existentes para fazer o que todos fazem:
_Aceitação!

É a dança do momento, a música do momento, o livro do momento. Ah, toda essa droga que eu to cansado de ver e meus olhos já debulham-se em lágrimas internas vendo esse show barato de quinta categoria. Certa vez me disseram:
_É engraçado isso que tu critica, porque em vez de pensarem eles aplaudem. E só idiotas aplaudem quando são chutados na cara ao invés de retribuir na mesma ou pior idéia.
Problema que hoje em dia, o ser humano só busca uma coisa e é aparecer!
A eterna competição idiota entre os machos (agora as fêmeas também para não soar machista) nessa besteira de ficarem medindo forças. Enfim, se entrar numa briga inútil já não é estar derrotado?
Complicado isso a busca pela diferença torna qualquer ser igual, ainda mais se ele já atribui a si mesmo qualidades pré-existentes nesse macrocosmo cliché.
Parece atualmente que as pessoas preocupam-se tanto com o que aparentam que tendem a deixar algo explícito quanto a isso:
-Olha só, sou diferente! - Sim, nisso atestando o ato de ser igual.
Nâo gosto de comparações, definições e estas porcarias. A grande verdade é que prezo por isolamentos mesmo. Tem horas que bate uma vontade de sumir, sumir existencialmente.
Aquela coisa que tu vê pessoas à tua volta falando, falando e nada dizem. Parece que falariam sozinhas, mas já que estás por perto serve tu mesmo. Falar por falar, patético. Seria isso solidão extremada disfarçada de companhia? Ou simplesmente atormentar o espaço alheio?
Respeitar as pessoas deveria ser mais fácil, e não uma escolha.
O pior de tudo que ninguém se preocupa com isso mesmo, estão tão ocupados com seus mundinhos fakes, sua aparência e seus status na sociedade (quando falo sociedade, me refiro aos micro aspectos da mesma, guetos "culturais".)
Estamos fabricando cada vez mais cones humanos. A única diferença é que cones não falam, e eu preferia os cones mudos, mas sempre há exceções.
Não dá pra sair acusando e chutando o todo por causa de alguns, mas constato que o processo empírico mostrou-me que interagir na maior parte das vezes é um tédio. Compartilhar então... Tornou-se uma valise de cornucópias carregadas por quimeras prateadas.
E quando subimos no barco em direção as profundezas do estige...
Quem iria?

Vida




A VIDA


É vão o amor, o ódio, ou o desdém;
Inútil o desejo ou o sentimento...
Lançar um grande amor aos pés de alguém
O mesmo é que lançar flores ao vento!

Todos somos no mundo "Pedro Sem",
Uma alegria é feita dum tormento,
Um riso é sempre o eco dum lamento,
Sabe-se lá um beijo de onde vem!

A mais nobre ilusão morre... desfaz-se...
Uma saudade morta em nós renasce
Que no mesmo momento é já perdida...

Amar-te a vida inteira eu não podia.
A gente esquece sempre o bem de um dia.
Que queres, meu Amor, se é isto a vida!...

Florbela Espanca

Comentar soa desnecessário às vezes.